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sábado, 15 de junho de 2013

REFLEXÃO DA REFLEXÃO ACORDAMOS, ENFIM, DO BERÇO ESPLÊNDIDO OU SÓ ESTAMOS NOS ESPREGUIÇANDO?



Vejo com excelentes olhos todo e qualquer movimento. Movimentar-se é bom, dizem os médicos. Andar, correr, nadar, praticar esportes. Fazer passeata, dizer palavras de ordem também é bom. Destruir patrimônio público, praticar vandalismo, penso que não. Mas o limiar entre o que acontece, de fato, e o que é mostrado em nossas televisões é muito sutil. Já sabemos, ainda bem, que não podemos confiar em praticamente nada do que vemos e lemos. Sabemos, portanto, que, se queremos, de fato, saber como se deu tal evento, devemos ir até lá ou buscar, caçar mesmo, a informação por aqui, pela internet, onde ela é - talvez - um pouco menos corrompida.

Minhas ressalvas, entretanto, à nova e, às vezes não tão boa, internet:

Cuidado ao tratar tudo como se fosse guerra civil. Cuidado com exageros esquerdistas ou direitistas - quaisquer exageros, creio, são desnecessários, uma vez que nossos dados reais já são bastante cruéis e alarmantes, eu diria. Dispensam, pois, exageros.

Cuidado ao julgar o movimento dos outros mais bonito que o nosso. E cuidado ao achar que todo mundo faz isso. Há muita gente que não foi às ruas, mas que louva tal atitude e que não chama isso de vandalismo. Enfim, cuidado com generalizações - elas têm a forte tendência ao engano.

Cuidado ao falar de programas como o PROUNI e associá-los a um governo que 'não investe em educação'. Pensando, exatamente, em PROUNI, nunca um governo federal investiu tanto em educação superior, em acesso a ela. Lembremos que educação básica (ensinos infantil, fundamental e médio) é de responsabilidade direta dos estados e municípios. No nosso caso, aqui em São Paulo - PSDBosta e não PT, pelo menos não até agora. 

O ufanismo não pode nos cegar. Temos, sim, excelentes literatos, publicitários, músicos; mas o tal 'jeitinho brasileiro' não é algo, exatamente, inventado. Há um grau de corrupção tatuado em nosso povo nos níveis mais cotidianos de nossa sociedade. Veja, muita gente que conhece alguém que trabalha em uma UBS ou em um AMA usa esta aproximação para conseguir uma consulta um pouquinho mais rapidamente - para cortar fila. Isso não é arte nem criatividade, é corrupção mesmo. E acontece porque o SUS é um caos, há quem espere um ano e espera-se um ano, porque há os que cortam fila, entende? 

Entende o ciclo vicioso que só há de se quebrar com educação, mas não estudo conteudista só, educação mesmo, educação crítica, educação emancipatória, esclarecedora, crítica de verdade - com muita leitura, muita leitura para não se formar gente pseudointelectual, pseudocrítica, que, aparentemente, até parece refletir, mas que, no fundo, só reproduz discurso alheio. 

Esta educação não pode ficar só sob a batuta da escola, ela deve acontecer em todos os segmentos sociais: família, igreja, escola, TV, mídia em geral, redes sociais, grupos sociais em geral. A escola é apenas um espaço dentre tantos. Educação holística e não mais conteudista, aliás, como nem se conseguiu ainda. 

Diante disso, sem dúvida, manifestações como as que tomam nossas ruas neste momento são de suma importância. Enfim, deixamos o berço esplêndido? Não ousaria ser tão otimista. Mas estamos, talvez, nos espreguiçando. 

Não haverá mudança realmente significativa enquanto não houver um esforço massivo e contínuo de cada um de nós em se tornar um cidadão melhor, mais leitor, mais político (na melhor acepção), mais participativo, mais interessado em assuntos ralmente importantes (a sexualidade de cada um é de cada um). Enfim, enquanto não houver uma mudança de mentalidade quanto à educação. É preciso mais que mudança nas políticas educacionais, é preciso uma mudança radical do modo de se pensar a si mesmo como parte ativa de todo este processo.

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