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domingo, 24 de março de 2013

LINGUÍSTICA JURÍDICA: CONCEITO, TEORIA E PRÁTICA

Passando pra divulgar o meu livro de linguagem jurídica.
À venda nos sites de várias livrarias (Cultura, Saraiva, Travessa, Curitiba) e no site da editora:






www.ensinoprofissional.com.br



quinta-feira, 14 de março de 2013

PORQUE NÃO SOMOS ZEBRAS



O sentimento de religar-se com o sobrenatural, com o metafísico, o eterno, enfim, com aquilo que nos transcende deve (com a licença da redundância) transcender a institucionalização e comercialização da fé. Só então a humanidade, efetivamente, dará um passo significativo em direção a uma evolução real de costumes e a uma vida melhor. 


Toda nossa evolução tecnológica e intelectual de nada serviu  (ou pouco serviu) para instaurar em nossos espíritos coisas tão simples como tolerância, amor e respeito às diversidades. É preciso entender que a coletividade é feita de indivíduos únicos (nova redundância, posto que indivíduo é aquele que não pode ser divivido) e igualmente importantes em suas distinções, quaisquer que sejam elas: cor, etnia, religião, orientação sexual, cultura, profissão, nível intelectual, condição financeira etc.


Aliás, o que garantiu a evolução tão assustadoramente rápida da espécie humana foi, especialmente, a sua variedade de ações, ideias e culturas. Entretanto, O homem, por razões vãs, vem, nos últimos séculos ou milêncios (principalmente com o avanço do cristianismo), buscando, de forma absolutamente incoerente e estúpida, eliminar a diversidade que o tornou dono e senhor do mundo.

Ser diferente é o que nos tornou diferentes.

Enquanto todas as zebras são idênticas (em princípio, pelo menos) em sua aparência e em seu comportamento - e por isso são apenas zebras e não Doutoras Zebras ou Excelentíssimas Zebras - nós somos diferentes uns dos outros. 
Ainda bem!


segunda-feira, 11 de março de 2013

O RETRATO




Na mesa de centro do centro do quarto do sono que não tenho tem um retrato teu que não me sorri quando passo por ele.
Finge que não me vê.

Todo dia tento atear fogo nele, tento furar teus olhos nele, tento arrancar teu sorriso que não me sorri.
Mas ele insiste em fingir que não me vê.

Um dia ainda rasgo teu sorriso que não ri e te risco de uma vez do rabisco torto que sobrou no rosto que não ri mais
– aqui, fora do retrato –
este que, um dia, tanto te fez sorrir.
Mas era tudo moldura. Eu não sabia, mas era só rascunho para o retrato triste que tu farias de mim.

domingo, 10 de março de 2013


Resposta a frases do tipo:
 'Ninguém nunca deu atenção a essa história de Direitos humanos antes e agora todo mundo só fala nisso".
Crítica a quem, finalmente, começou a criticar.


Eu não entendo...

Reclamam que o povo brasileiro não pensa, não lê, não critica. Pois bem, quando as pessoas começam a fazer aquilo que os 'intelectuais' reclamam - eles reclamam de novo.
Eu questiono, pois, a intelectualidade de tais intelectuais.
Pensemos: intelectual é aquele que, além de um alto nível de letramento, além de ter conhecimento amplo de diversos assuntos, é alguém crítico, alguém com capacidade reflexiva bem desenvolvida. Mas, acima de tudo, o verdadeiro intelectual é alguém que celebra a emancipação do outro, o surgimento de outros seres - também - críticos. Então, estarrece-me ler alguns comentários como este - ainda mais se eles proveem de educadores: sujeitos estes que deveriam promover a emancipação de seus discípulos e, honestamente, não sei se são eles, sequer, realmente emancipados intelectualmente.
O importante, vale ressaltar, não é que comunguem ideias, pelo contrário, saúdo a discordância - discordem, polemizem - mas promovam a reflexão - afinal, este tem sido o papel de quem se propõe a educar desde Sócrates, não é? Criticar quem critica é, no mínimo, corroborar a massificação da desinteligência nacional e, dependendo de quem o faz, em minha opinião, chega a ser patológico.

Louvo a iniciativa de se criticar veementemente a nomeação do pastor homofóbico e racista ao cargo de presidente da comissão de direitos humanos. Sei que, talvez, muitos dos que, hoje, criticam, jamais se importaram com tal comissão, mas nunca é tarde para se despertar um espírito questionador. Que bom que a população está atenta a esses movimentos políticos! A essas estratégias partidárias perversas e nojentas! Que bom que nossos jovens estão usando as redes sociais para algo mais inteligente e útil!

Vislumbro, ainda que bem lentamente, uma mudança de paradigma comportamental - talvez nós, como povo, estejamos abandonando o clássico posto de passividade que durante séculos nos emblemou, nos rotulou e nos trouxe à situação de miséria (total, não apenas financeira) em que nos encontramos hoje. Talvez estejamos, finalmente, aprendendo a ser sujeitos de nossos discursos - sei queposso parecer exageradamente otimista, mas como disse: 'vislumbro' e 'muito lentamente'. Ainda há, claro, entre os que criticam, muitos "caras pintadas", isto é, muitos que nem sabem do que estão falando. Mas, ainda assim, o ato de vociferar contra o que incomoda é positivo, o fato de assumir posicionamentos polêmicos publicamente é positivo.
Nunca, antes, na História da Humanidade, o povo (povo, mesmo) teve tanto espaço para se manifestar livremente - nem  na Revolução Francesa - com sua ilusão de igualdade. Hoje, qualquer pessoa faz isso que agora estou fazendo: conecta-se a uma rede, cadastra-se em um site de relacionamento ou cria um blog, escreve aquilo que pensa e, mais importante,  TORNA PÚBLICO O QUE PENSA.