Há décadas, sabemos que a mais poderosa rede de TV deste país abusa covardemente da pobreza (financeira, cultural e intelctual) do povo brasileiro para enriquecer e faz isso tão bem que convence este mesmo povo explorado a defendê-la; porque este povo, meu povo, internaliza tanto o discurso do outro - da elite - que não se enxerga mais como povo - como explorado.
Só que elite, Elite de verdade (com E maiúsculo)
não sofre com trânsito, Elite não pega fila, não sofre com arrastão em
restaurante, porque janta em Paris - se quiser - e almoça no outro dia em
Damasco. Nada é mais alienado que classe média - não sabe o que é ser pobre nem
o que é ser rico de verdade. E eu posso falar disso com propriedade e
experiência - ainda bem que antes de galgar uma posição social melhorzinha que,
apesar de eu não concordar, segundo estatísticas, é de classe média, fui muito
pobre e bem longe de um grande centro - o que me vacinou da alienação. Porque
lá, eu lia, escrevia, ouvia histórias do meu avô, brincava na rua, ouvia
histórias dos avôs dos meus amigos - lia de novo, lia muito. Tive a grande
sorte de ainda ter professores que eram intelectuais (infelizmente, graças ao
partido que DESgoverna São Paulo há quase duas décadas; hoje, os
professores da rede pública, para sobreviver, precisam ser operários - não dá
tempo de serem intelectuais).
Vão ler. Mas vão ler coisa boa, pelo amor de Deus - se for pra ler porcaria, acho que é melhor não ler não.
Este discurso de que "é melhor ler qualquer
coisa do que não ler nada", eu não concordo mais.
Se é pra ler merda - vai ler placa de trânsito,
flyer de boate (outdoor em São Paulo não dá, eu sei); bula de remédio,
catálogo de cosmético. Mas não vai gastar dinheiro com coisa ruim - é só ler de
graça, está cheio por aí. Dar dinheiro pra editora que se prostitui publicando
lixo é o mesmo que dar dinheiro para igreja que sustenta vababundo que
enriquece da ignorância alheia - como faz, aliás, a nossa poderosa rede de TV
já há bastante tempo.
Quase me desviei do assunto, mas consegui amarrar no finzinho.
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