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domingo, 4 de setembro de 2016

ALIENAÇÃO







Será que não é hora de começar a se perguntar se isso tudo não foi e não é uma grande farsa? Será que não vale a pena, sequer por um minuto, questionar as 'verdades' da globo? Será que intelectuais como Chico Buarque, como Noam Chomsky, Marilena Chauí, dentre tantos outros estariam todos errados? Será? Precisamos buscar outras fontes de informação.
A Globo mente.
A Veja mente.
E tantos outros "grandes" jornais mentem.
É hora de perceber que fomos enganados e, simplesmente, mudar de perspectiva.
Continuar lutando pelo Brasil... sim ... mas agora do lado certo. Como dizia o saudoso Brizola (tão difamando pelas organizações Globo): se a Globo é a favor, seja contra - se ela é contra, seja a favor.
E a Globo tem sido contra o povo desde sempre... desde o golpe de 64, por exemplo, quando ficou a favor da ditadura. Não se engane mais... não se deixe iludir mais.

Se as suas verdades se baseiam nesses grandes manipuladores de massa, talvez valha, uma vez sequer, questionar-se...

Verdades inabaladas não existem...

Apartidarismo de verdade é apartidário - faça uma análise honesta: se você critica mais um partido que os outros; se se esquece dos erros, dos roubos de um partido em particular; se condena todos os políticos de um, ao passo que absolve sem pestanejar, os do outro ... se os políticos de um partido "são ladrões" e os do outro "são acusados", então VOCÊ NÃO É APARTIDÁRIO - apenas está reproduzindo um discurso que não é o seu... apenas está se justificando com uma fala que não convence mais.

Se você pensa que faz parte da elite, acorde. Elite se locomove de helicóptero pela cidade, não precisa pegar trânsito... Elite toma café da manhã em Nova Iorque e janta em Paris todo dia se quiser. Elite não divide a passagem para os Estados Unidos em dez vezes... Elite não se preocupa em pagar 20, 30 ou 40 mil reais num vestido ou milhões e milhões num jatinho. Elite não está nem aí para você ou para mim, que vivemos de salário - por melhor ou pior que seja, se é salário, então somos todos assalariados.
Você não é elite, é só classe média alienada. A classe média (e eu me incluo) é a mais alienada de todas - não sabe o que é ser rico de verdade nem pobre de verdade... vive à margem da riqueza e da pobreza. Rejeitada pelos ricos e rejeitando os pobres. Falta-lhe identidade própria. Falta-lhe tudo e ela não percebe.

Agora um teste de classe média ou elite: quanto tempo você consegue manter o seu padrão de vida de hoje sem o seu salário mensal? Quanto tempo? Um ano? Dois? Bem... se você consegue mantê-lo para o resto de sua vida, então, talvez você seja, mesmo, elite... caso contrário - se, sem o seu salário mensal, seu padrão de vida não será mais o mesmo em pouco tempo - um mês ou alguns anos - então você NÃO É ELITE... é só classe média... e deveria se solidarizar com outros assalariados e não elite - mas é brega, né? É cafona. É feio. É de mau gosto... juntar-se a 'pobres'... não sai bem na foto. É melhor fingir que é elite.

Aí me dizem que o protesto da 'elite' não tem vandalismo como o dos pobres... o problema não é quem faz o protesto... o problema é que a polícia acredita, coitados, que são elite também... esquecem que são assalariados - e pior - que são muito mal pagos. Voltam-se contra o povo 'pobre' como se isso fizesse deles melhores que os outros...

Alienação tem 'alien' não é à toa: alienação é apegar-se ao discurso alienígena, o discurso do outro... é tentar tornar-se o outro por meio do que o outro pensa e diz...
Todos somos, em maior ou menor grau, neste ou naquele aspecto, alienados. O que devíamos todos fazer é buscar a liberdade, é buscar o discurso autêntico... mas isso exige pensar, refletir, questionar... ser dono do próprio ver e viver - e quem aqui está disposto a isso? Poucos... o melhor - desde há milênios - é ter alguém que pense por mim - foi a igreja, foi o senhor feudal, foi o senhor de escravos, hoje é o banqueiro, o empresário bilionário, o dono da TV, da rádio, do jornal... NÃO. Eu quero pensar por mim... ainda que errado, quero pensar por mim - obviamente não sem influência, mas que as influências sejam filtradas pelo crivo da minha criticidade, das minhas leituras, inclusive a leitura do mundo - nem que isso me custe minhas angústias, minhas incertezas, meus medos... quero pensar e duvidar por mim.
Por isso tudo, neste momento, percebo que há um estratagema gigantesco - bem maior do que eu imagino, eu sei - envolvendo a troca de presidentes... e eu, como trabalhador, como assalariado, como classe médica medíocre que sou, quero #foraTemer e #diretasjá



Se você é elite de verdade, então defenda os privilégios da elite, a mesma que há mais de 500 anos explora este país. Mas se você não é... acorda... antes que seja tarde.





segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O ASSISTENTE






                - Então, o senhor almeja a um cargo de assistente meu?
                - Sim, senhor. Quero ser seu assistente no Congresso.
                - Muito bem. Então vamos lá. Para dizer se vou ou não contratá-lo, eu preciso saber das suas qualificações.
                - Pois não. O senhor pode preguntá.
                - Então, o que o senhor sabe de matemática financeira?
                - Eu?
                - Sim, o senhor.
                - Eu num sei nada não senhor.
                - Nada? Tudo bem. E o que o senhor sabe de relações públicas?
                - Nada
                - Nada? De relações internacionais?
                - Nadinha.
                - Eu estou entendendo. Bom, o senhor deve saber Língua Portuguesa, eu quero dizer, gramática, sim. O senhor poderia revisar meus textos. É bom em gramática?
                - Óia, pra ser honesto, eu nunca ouvi falar essa palavra. Mas achei muito bonita. Gra-má-ti-ca. Muito bonita.
                - Mas, veja bem, meu senhor. Como o senhor quer ser meu assistente no Congresso. Como o senhor quer auxiliar um político como eu se o senhor não sabe nada? O senhor sabe ler?
                - Muito pouco.
                - E escrever, o senhor sabe escrever?
                - Vixi, quasi nada.
                - Olha, sinceramente, assim é impossível. Não tenho como contratar o senhor.
                - Escuta aqui, doutor deputado, o senhor vai me contratá sim senhor, sabe? E sabe por quê? Porque o senhor andou comendo minha muié e ela embuxou. Minha muié trabaia na casa do senhor, limpando os cocô de sua fia, barrendo o chão, cuzinhando. Então. Quando eu descubri a senvergonheza d’oceis, eu arrezorvi que ela ia embuxar. Falei – muié, ocê trata de embuxar do homi e é pra logo isso. O bixinho vai nascer e nóis vai mandá fazê o DNA, num é? E vai tá lá escrito que o muleque num é meu, é do senhor. Aí é só ir pros jorná, pras televisão e botar a boca no trombone. O senhor naum tá querendo ser governador? Então, acho melhor o senhor me contratá aí pra ser seu assistente, mesmo, senão num vai ter governo nenhum pro senhor governá. Escutou? E tem outra coisa, tomém. O senhor fica aí cheio das presepada, me apreguntando um monte de pregunta que eu nem sei o que é, sendo que pra ser assistente de político eu tô  é bão demais. Uai, e não? Eu sei arrancá dinheiro e favor dos outro, sei manipulá as pessoa, usá os parente e sei dá gorpe. Óia, um pouco mais e eu compito com o senhor nas urna. E ganho. E ganho. Tô contratado ou num tô?
                - Ah, mas é claro que sim. Imediatamente.

                - Muito agradecido. Inté.






quarta-feira, 29 de outubro de 2014

ESTRANHO (DES)ESTRANHAMENTO




Vou me atrever a falar sobre o caso do cumprimento do restante da pena do Sr. Zé Dirceu em domicílio a partir do meu muito limitado conhecimento de leis. Nada sei, na verdade, sobre isso, mas como fui indagado, vou tentar me posicionar. Contrariando minhas próprias aulas de Oratória, desculpo-me pela ignorância jurídica.

Talvez seja realmente estranho pensar que alguém condenado pela instância máxima da nossa Justiça esteja fora da prisão. Acho que é. Entretanto, penso que deve existir, em nossa legislação, um mecanismo que permite tal mudança de regime na pena e o Sr. Zé Dirceu, assim como qualquer outro cidadão brasileiro, está fazendo uso deste mecanismo, está usando um direito que lhe cabe (mesmo que isso pareça revoltante, parece-me que a lei nem sempre tem uma aparência justa) – sé é justo ou não, eu não sei; mas certamente deve ser legal, isto é, deve estar dentro do que regem nossas leis. Vale lembrar que a lei serve para todos e quero eu, cidadão brasileiro, também se um dia precisar, poder fazer uso dos mecanismos que garantam os meus plenos direitos.
Mas é estranho, realmente.
Aliás, muita coisa neste julgamento todo é estranha, principalmente se compararmos com outros. Vejamos:
1.       Os réus do Mensalão do PT, até onde eu consegui pesquisar e entender – como já disse, a partir do meu irrisório conhecimento jurídico – foram condenados segundo a teoria do domínio de fato, isto é, sem provas cabais (http://professorlfg.jusbrasil.com.br/modelos-pecas/114000373/dicas-quentes-de-direito-penal-caso-mensalao);
2.       O julgamento do Mensalão do PT, ao contrário do Mensalão do DEM ou do PSDB mineiro, não foi desmembrado (Então, ficamos assim: o mensalão do PSDB foi desmembrado. O mensalão do DEM foi desmembrado. Já o mensalão do PT não foi desmembrado – istoe.com.br)  – portanto, os réus foram todos julgados juntos – ainda que por crimes diferentes;
3.       O Mensalão do PT, ao contrário do Mensalão do DEM e do PSDB mineiro foi julgado diretamente no STF, o que dá aos réus menos chances de recursos. Os outros dois escândalos mencionados – embora mais antigos – sequer foram ainda julgados (http://professorlfg.jusbrasil.com.br/modelos-pecas/114000373/dicas-quentes-de-direito-penal-caso-mensalao).
4.       Sabemos, ainda que como leigos, que a posição de um juiz deve ser imparcial e ficou evidente para todo o Brasil que o Presidente do STF e relator do processo do Mensalão foi tudo, menos imparcial.
5.       Finalmente, mas não menos importante, existe o fato de que, pela primeira vez na História do STF, um julgamento virou espetáculo. A Rede Globo fez questão de interromper sua programação para transmitir, ao vivo, e com detalhes, o tal julgamento. Tenho sérias desconfianças quando uma das maiores emissoras de televisão do mundo faz algo assim. Seria inocência linguística, no mínimo, pensar que – às vésperas de eleições municipais, a Globo faria isso sem nenhum interesse.

Não tenho condição nem interesse em defender o Sr. Zé Dirceu, para isso ele tem seu advogado. Minha intenção aqui é refletir sobre o ESTRANHAMENTO. Interessante pensar tamanho do estranhamento causado pela mudança no cumprimento da pena de um réu condenado por um suposto esquema de corrupção frente à ausência TOTAL de estranhamento diante de casos como (alguns mais antigos e envolvendo quantias bem maiores em dinheiro):
a) O cartel existente nas licitações de trens e metrôs nos governos do PSDB em São Paulo;
b) O não julgamento do Mensalão do PSDB mineiro;
c) O não julgamento do Mensalão do DEM – aliás o desconhecimento, inclusive;
d) O aeroporto construído pelo Sr. Aécio no ‘quintal’ do tio;
e) O helicóptero carregado de cocaína que a ninguém foi devidamente explicado;
f) O avião em que voou a Sra. Marina Silva durante sua campanha ainda sem explicação;
g) O esquema de compra de votos do governo FHC para conseguir aprovar a emenda da reeleição...
... e tantos outros.

Não é estranha esta falta de estranhamento?
Onde está a indignação daqueles que esbravejam contra a soltura do Sr. Dirceu? Contra o Mensalão do PT? Claro que podemos e devemos nos indignar com isso, se isso nos deixa indignados! Sim, fiquemos indignados! Mas por que também não se indignar, então, com os outros escândalos? Por que este tratamento tão parcial? Sejamos duros, sejamos fiscais, sejamos honestos – mas com todos, de forma igualitária e justa. Senão, é tudo só hipocrisia.

Causa-me, realmente, grande estranhamento esta desproporção de estranhamentos. 





terça-feira, 7 de outubro de 2014

(DES)ELEIÇÕES



De repente, o horripilante ficou bonito. E segregar, separar, hostilizar são palavras de ordem. E diante de tanta desordem, a alienação corre solta e ligeira. O Nordeste vive muito bem sem o resto. Mas o resto não existiria sem o Nordeste – está é a verdade verdadeira.
E nós - os donos do país – estamos a experimentar um pouco do que há séculos os nordestinos heroicamente enfrentam: a seca.
Jamais me iludi com as manifestações de 2013: rebanho se revolta, mas volta pro dono – dito e feito.
O fato é que Educação ruim + televisão forte só pode dar no que deu – retrocesso: Serra, Alckmin, Russomano, Bolsonaro, Infeliciânus e por aí vai a lista de líderes, de mui dignos representantes.
Parabéns a quem está se sentindo bem representado!
Parabéns a quem não entendeu nada, não entende nada... somos todos parte da mesma parte: o mal feito ao outro volta pra mim – a pobreza que não me atinge me atinge na forma de violência.
Custa-me muito entender a mediocridade de quem não busca além do superficial, de quem acha que eleição é BBB, de quem se diz Cristão e faz do discurso de ódio o seu hino.
Parabéns a quem se enxerga refletido nos representantes eleitos.
Parabéns!

Eu me orgulho de não compartilhar este sentimento com você. 


sábado, 17 de maio de 2014

Ler ou não ler, eis a (verdadeira) questão.



Certas cenas valem ficar registradas na memória.
Hoje vi um garotinho muito bravo por não saber ler.
Revoltado, disse: "eu nunca vou fazer seis anos e ir logo pra escola"
O pai tentando explicar que ele já ia fazer cinco este mês e que logo logo estaria lendo tudo. 
O irmão mais velho tentando explicar as sílabas no aviso no ônibus...
E eu ali a me perguntar: o que será que a escola anda fazendo de tão errado que assim que as crianças aprendem a ler, vão perdendo esse desejo, essa vontade linda de ler?






quinta-feira, 15 de maio de 2014

SER QUEM SOU





Sua violência dói não onde você bateu
dói no que nos faz mais iguais
na alma
na honra
na vergonha que me causa
apanhar por ser quem sou

O corpo, continuidade do meu eu,
esconde, rasga, mói, desiste
O eu, continuidade do meu corpo,
encolhe, engasga, dói, mas resiste

Ser o que se é não é escolha
o que se faz do que se é, sim...

Escolheu me agredir por eu ser quem sou
- porque eu ser quem sou
te agride mais que tudo...
ser quem sou 
grita na sua cara
que você não é quem é




terça-feira, 22 de abril de 2014

XADREZ




E de onde virá esta necessidade whisky de pensar?
De onde vem este meu desejo inca de ser mais?
Por que não me valem meus dias vadios?
Meus dias vazios - por que não me velam?

Ando doido a catar cataventos e vaginas
Ando afoito querendo saber quem é Luther King
no jogo do bicho
no jogo de xadrez da toalha da mesa

Ando tonto de não acreditar em nada
de tanto não saber piada
nem saber rir da palhaçada
de ser cidadão de bem 
- útil, trabalhador:
enfermo de civilidade
enfermo de cidadania...

De onde virá este trambolho cinza
em mim,
que não me deixa deitar na cama
ouvir Sinatra e dormir pelado...
simplesmente?
Por que preciso ser o homem
que escova dentes, que corta unhas,
que faz a barba?
E não só o que se masturba
gostoso
antes do sono
que goza sozinho, egoísta
assim como nasceu um dia
e como há de morrer uma noite...